INTERADUS: "E aí, somos todos Charlie?" charge retrata menino refugiado como estuprador

"E aí, somos todos Charlie?" charge retrata menino refugiado como estuprador

Uma nova charge do semanário satírico francês "Charlie Hebdo" provocou revolta nas redes sociais. A peça sugere que Alan Kurdi, menino refugiado que morreu afogado ao tentar chegar à Europa, se tornaria um agressor sexual quando crescesse, em referência à recente onda de denúncias contra imigrantes na Alemanha.

Charge do Charlie. Humor sem graça e preconceituoso.

No desenho, intitulado "Migrantes" e assinado pelo cartunista Laurent Sourisseau, conhecido como Riss, dois homens pervertidos correm atrás de mulheres apavoradas.

"O que o pequeno Alan seria se ele se tornasse adulto?", pergunta a charge, ao lado uma caricatura do corpo do menino afogado em uma praia. "'Apalpador' de bundas na Alemanha", acrescenta.

A ilustração foi publicada na última edição do "Charlie Hebdo", que foi às bancas nesta quarta-feira (13), menos de uma semana depois do primeiro aniversário do atentado terrorista à redação do semanário.

Revoltados com a charge, muitos leitores acusaram a publicação satírica de generalizar os imigrantes como criminosos, propagando racismo e xenofobia.

"Que vergonha dos racistas do 'Charlie Hebdo'. Relacionar estupro e raça é verdadeiramente vergonhoso", publicou no Twitter uma usuária identificada como Kavita Krishnan.

"E aí, 'somos todos Charlie?'", indagou em tuíte o usuário José Antonio Lima, em referência ao slogan "Je suis Charlie" ('Eu sou Charlie', em português), que se popularizou como forma de apoio ao semanário francês após o ataque de janeiro de 2015.


REFUGIADOS

O corpo de Alan Kurdi, 3, foi fotografado em uma praia na Turquia após o naufrágio da embarcação em que viajava com destino à Grécia. As imagens circularam o mundo, gerando comoção e atraindo atenção para a crise migratória no Mediterrâneo.

O corpo de Alan Kurdi, 3 anos
Em meio ao crescente drama vivido pelos refugiados, alguns governos europeus, como o da Alemanha, flexibilizaram suas políticas de asilo. Grupos ultranacionalistas reagiram à chegada de estrangeiros, acusando-os de ameaçar a vida cultural e econômica de seus países.

O discurso antimigrantes ganhou força após a recente onda de agressões físicas e sexuais contra mulheres, cometidas em grande parte por estrangeiros, durante as celebrações de Ano-Novo em Colônia, dentre outras cidades alemãs.

A apresentação de centenas de denúncias de violência provocou protestos e inspirou até mesmo a organização de ataques contra refugiados.

Nesta semana, o governo da chanceler alemã Angela Merkel reagiu às denúncias com medidas para facilitar a deportação de imigrantes que tenham cometido crimes sexuais ou delitos graves, como homicídios e sequestros.

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