INTERADUS: Escutas revelam que Ricardo Teixeira pediu conselhos sobre ‘locais seguros no mundo’ para fugir

Escutas revelam que Ricardo Teixeira pediu conselhos sobre ‘locais seguros no mundo’ para fugir

Escutas telefônicas feitas pela Justiça espanhola revelam que o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, telefonou para o ex-presidente do Barcelona, Sandro Rosell, para pedir ajuda sobre um lugar “seguro no mundo” para onde poderia fugir caso investigações se aproximassem dele.

O ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira.

A informação faz parte de decisão judicial desta quinta-feira na qual a Justiça espanhola rejeita um pedido de Rosell para aguardar seu processo em liberdade. Ele está preso. Por um esquema de corrupção envolvendo a seleção brasileira, o catalão foi preso no dia 25 de maio. Para justificar sua negativa, a autoridade espanhola apontou que existiria um “alto risco de fuga” por parte de Rosell.

Uma das provas usadas pelos espanhóis para mostrar o conhecimento do dirigente catalão pelo mundo seria uma ligação telefônica que ele recebeu de Ricardo Teixeira. Na conversa por telefone, o brasileiro teria consultado o amigo sobre “quais lugares no mundo poderiam resultar mais seguros na hora de evitar problemas derivados das investigações em curso seguidas contra ele em diferentes países”. De acordo com a Justiça da Espanha, tudo está gravado.

A conversa ocorreu em abril desde ano e foi pega nas escutas colocadas pela polícia espanhola contra Rosell antes de sua prisão. Teixeira é investigado na Suíça, Estados Unidos e Brasil por diferentes assuntos. Ele estaria vivendo no Rio depois que passou a ser alvo de inquérito do FBI.

Os documentos também mostram que o suposto esquema montado para desviar recursos da seleção brasileira por Ricardo Teixeira teria um elo com o Catar, local da Copa do Mundo de 2022. Documentos da Justiça da Espanha revelam que parte do dinheiro desviado dos amistosos do Brasil terminaram em contas de José Colomer, que representava a Aspire, uma academia de jovens craques financiada pelo Catar. Ricardo Teixeira estaria envolvido.

Nesta quarta-feira, em Madri, Colomer foi preso. De acordo com o ato de acusação, o suspeito “foi receptor em uma conta em Andorra de 350 mil euros (cerca de R$ 1,3 milhão) procedentes da Uptrend, empresa S.A. que não tinha nem atividade econômica nem comercial aparente ou conhecida”.

A Uptrend, uma empresa de fachada, foi justamente a forma encontrada por Ricardo Teixeira e o ex-presidente do Barcelona, Sandro Rosell, para desviar recursos dos amistosos da seleção brasileira. O ex-cartola catalão está preso desde o dia 25 de maio.

Ainda de acordo com a investigação, Colomer era um dos ‘laranjas’ de Rosell e trabalhava para o projeto Aspire Dream, “financiado pelo Catar”. Trata-se, na realidade, de uma academia montada pelo governo árabe para identificar jovem craques pelo mundo, principalmente na África e América Latina.

DESVIOS DE DINHEIRO

Esse não é o único envolvimento do Catar no esquema de supostos desvios de dinheiro da CBF. Os procuradores espanhóis investigam ainda como Ricardo Teixeira e Rosell puderam influenciar a escolha do país árabe para sediar a Copa do Mundo de 2022. Como membro da Fifa, o brasileiro foi um dos cabos eleitorais do Catar.

No fim de maio, o Ministério Público da Espanha revelou como Ricardo Teixeira usou uma rede de empresas de fachada e contas em seis paraísos fiscais para desviar pelo menos 8,4 milhões de euros (R$ 30 milhões) da seleção brasileira e lavar dinheiro. Por contas secretas, ele ainda movimentou mais de 24 milhões de euros (R$ 90 milhões) de origem suspeita. A investigação se baseou nos documentos que a reportagem do Estado revelou, com exclusividade, em agosto de 2013.

Em 2006, o Brasil assinou com a ISE a concessão de 24 partidas da seleção brasileira. Mas, junto com o contrato, veio a obrigação imposta por Teixeira de que parte do dinheiro arrecadado com os jogos não fosse para a CBF, e sim para ele mesmo e para seu aliado, Sandro Rosell.

Para isso, uma complexa estrutura foi montada para desviar dinheiro. Uma empresa de fachada com base nos EUA, a Uptrend, assinou um contrato com a ISE, dias antes da própria CBF fechar seu acordo. Oficialmente, ela atuaria como intermediária do negócio entre a empresa saudita e a brasileira. Em troca, receberia 8,4 milhões de euros (R$ 30 milhões).

Segundo a investigação, quem criou a empresa era Rosell. Conforme o Estado já havia revelado em 2013, essas empresas não tinham estruturas físicas e suas contas estavam em Andorra. Uma vez com a Uptrend, o dinheiro era transferido para “o próprio Teixeira e pessoas de seu entorno que atuavam como laranjas”.

Por: IstoéDinheiro

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